Saturday, May 05, 2007

LAPÔNIA: TERRA DO PAPAI NOEL, RENAS, SOL DA MEIA NOITE E AURORA BOREAL

Os finlandeses afirmam que o Papai Noel sempre morou na Lapônia, de onde sai com suas renas voadoras para distribuir presentes pelo mundo. Mas o velhinho rodou pela Europa e pelos EUA antes de firmar seu escritório nesse território gelado. Isso mesmo. O velhinho mora e despacha em Rovaniemi, recebendo crianças e gente grande de todo o mundo. Por mais infantil que possa parecer, ninguém passa por lá sem visitar o Papai Noel e tirar uma foto com ele. A lembrança custa 20 euros. Rovaniemi é uma cidade moderna, que foi quase inteiramente destruída na Segunda Guerra Mundial e foi reconstruída com base em um projeto urbanístico de Alvar Aalto, o mais cultuado arquiteto finlandês, uma espécie de Oscar Niemeyer deles.

A Lapônia é um território parcialmente povoado pelo povo “saami”, que mantém a sua forma ancestral de vida ligada à criação de rebanhos de renas. Apesar de terem atingido um elevado nível de vida, os lapões continuam a criar grandes rebanhos desses animais que, vivem nas imensas áreas onde reina a vegetação típica da região e montes áridos, do norte da Finlândia. As colinas e os vales da Lapônia mantêm-se cobertos de neve durante o longo Inverno, mas em Maio a neve derrete-se e o sol ilumina as grandes extensões, onde o numero de renas supera o dos seres humanos.Com a chegada da Primavera, as renas perdem as galhadas e nascem-lhes as crias. A partir de meados de Maio e durante o mês de Junho, os lapões agrupam as renas e marcam as crias recém-nascidas, coincidindo com o início da época do Sol da Meia-Noite, que nessa altura, já começa a não se pôr nos territórios mais setentrionais da Lapônia Finlandesa.

O filé de rena, macio e delicioso é a estrela principal de uma culinária de sabores bem fortes. Ao lado da rena, vêm à mesa frutos do mar, arenques defumados e, todas as formas de preparo da carne de salmão. Merece destaque, também, a Kosken Korva, uma aguardente finlandesa fortíssima e muito boa para espantar o frio --com seus 38 graus de teor alcoólico, compensa as temperaturas abaixo de zero grau. Para quem não encara destilados, há a cerveja Lappin Kulta, encorpada e saborosa.

Entre muitas atividades originais que há na Lapônia, pode-se destacar o campeonato de golfe do Sol da Meia-Noite, na cidade de Tornio, ou a possibilidade de peneirar as areias de um rio até encontrar ouro, como se faz em Tankavaara, aldeia-museu dos pesquisadores de ouro, que realizam a sua reunião anual - o Goldpanners Festival - entre 6 e 13 de Agosto. Qualquer época é boa para descobrir a Lapônia, mas o Verão é sem dúvida a melhor época do ano para ir ao encontro da natureza indômita, da beleza das paisagens e da forma de vida dos lapões que habitam o norte da Finlândia.

Um vôo de cerca de 50 minutos leva o viajante de Helsinque ao aeroporto de Rovaniemi, com suas quatro grandes renas iluminadas diante do portão de desembarque. No caminho para a cidade, uma placa indica a vila do Papai Noel que, dizem os folhetos, que fala oito línguas. Com os brasileiros, ele arrisca um "obrigado". Não mais do que isso, mas depois, num rápido papo com o velhinho, ele confirma uma informação. Papai Noel gosta de passar suas férias no Brasil, mais precisamente em Santa Catarina. Também conhece o Paraná e Brasília e, se prepara para conhecer a Amazônia nas suas próximas férias, se os duendes lhe derem folga!

Tuesday, April 24, 2007

BELIZE: O ÚLTIMO BASTIÃO DE RESISTÊNCIA DO POVO MAYA TAMBÉM É TURISMO SELVAGEM DE PRIMEIRA


Águas incrivelmente claras, fauna inimaginável, fascinantes e misteriosas ruínas da civilização Maya. Estas são somente algumas das maravilhas de um país que possui uma abundante e sortida beleza natural. Você pode visitar as ruínas da civilização Maya, explorar cavernas, divertir-se no mar fazendo snorkel, descansar em praias desertas ou, mergulhar junto à segunda maior barreira de corais do mundo. Tudo isso no pequeno Belize.

No início do século XVI, o país foi palco da resistência da civilização Maya contra os colonizadores espanhóis que, antes de enfrentá-los, já tiveram que superar a dificuldade de transpor a extensa barreira de corais, que protege a litoral daquela região. Talvez por isso, muito tardiamente se comparado aos demais países americanos de domínio ibérico, foi colonizado pelos ingleses, em 1862. Recebeu, então, o nome de Honduras Britânicas. Com sua recente independência, em 1981 passou a se chamar Belize. Apesar de Belize City, no litoral, ser a cidade mais conhecida, Belmopan, é sua atual capital. Um desastre natural fez o governo local mudar a capital do país. Em 1961, após a destruição causada pelo furacão Hattie, os Belizenhos decidiram que era muito arriscado deixar a capital na Cidade de Belize, que fica abaixo do nível do mar. Assim, mudaram a sede de governo para Belmopan, no centro do país.

A indústria da árvore mahogany formou a base da economia do país nos séculos XVIII e XIX. Nos primeiros meses de cada ano, quando as folhas caem, a árvore, que amadurece com 60 a 80 anos, pode ser vista de longe. Nela, brota grandes maços de pequenas flores - que dão frutos escuros, em cápsulas com formato de pêras.

Belize foi colônia da Inglaterra até 1981. A Rainha Elizabeth ainda é a chefe de Estado por lá, mas ela esteve no país uma única vez em toda a sua vida, pois segundo dizem, não é muito chegada ao calor destas latitudes tropicais. Mesmo assim, sua face está estampada por todos os lados. Nos selos, nas notas de dinheiro, enfim, em tudo aquilo que carrega algum sentimento nacional.

O país possui algumas singularidades. Por exemplo, a Reserva Natural de Cockscomb Basin, é a única do mundo dedicada exclusivamente à preservação do jaguar, o maior felino do continente americano, conhecido no Brasil como onça-pintada. Com um pouco de sorte e disposição para caminhar, você pode encontrar pegadas frescas do animal nas trilhas que cortam a reserva. Além da imensa barreira de corais, Belize tem três dos quatro únicos atóis do Oceano Atlântico. O quarto Atol é o das Rocas, no Brasil. O turista tem a oportunidade de ver uma grande quantidade de golfinhos nas águas de Turneffe Islands, o atol mais próximo da costa. Gloover's, mais ao sul, é o que conta com os melhores resorts de mergulho. O famoso Blue Hole (buraco azul), descoberto por Jacques Cousteau em 1972, fica no Atol de Lighthouse, o mais distante, é também o mais fascinante dos três. Trata-se de uma circunferência perfeita, escavada pelo tempo bem no meio da barreira de corais. Tem mais de 300 metros de diâmetro por 135 de profundidade. Uma obra-prima da natureza.

Belize conta com uma vida noturna agitada e cheia de oportunidades. Existem vários night clubs, restaurantes, bares e shoppings à disposição dos turistas. Para os que gostam de pescar, este é o lugar certo, sendo possível praticar todas as modalidades de pesca, seja em rios, lagos ou mar. O prato tradicional do país é um viradinho de arroz com feijão preto e tempero de leite de côco com mistura de frango ensopado e bastante pimenta. E como diz o lema do país: "SUB UMBRA FLORERO" escrito em latim que, significa "Embaixo da Sombra eu Floresço", depois de uma iguaria apimentada dessas, só mesmo o refresco de um descanso à brisa, embaixo de um coqueiro, amparado pela história dessa pequena jóia que é o Belize.

Thursday, April 12, 2007

SÉRIE: OS 20 LUGARES MAIS REMOTOS DO PLANETA. CAPÍTULO V – PARQUE NACIONAL SERRA DO DIVISOR / ACRE / BRASIL


No extremo noroeste do país, existe uma área da floresta amazônica que o homem ainda nem conseguiu tocar. A própria natureza criou barreiras que dificultam o acesso e assim ela se mantém protegida. Seus ecossistemas intocados fazem dela uma importante região que precisa continuar preservada, na última porção dentro do território brasileiro antes da fronteira com o Peru. O Parque Nacional da Serra do Divisor foi criado em 1989, durante o governo Sarney, em um contexto de pressão internacional de ambientalistas e defensores dos povos da floresta. Seus 843.000 hectares protegem a parte mais ocidental da Amazônia.

O clima da região é tropical, quente e úmido, com temperatura média anual de 24°C. Os meses mais secos são agosto e setembro. Os ecossistemas encontrados no parque ainda não foram alterados pelo homem. O nome Divisor é pelo fato da localização do parque, no trecho que divide as águas entre as bacias hidrográficas do Vale do Médio Rio Ucayali (Peru) e do Alto Rio Juruá. As serras apresentam regiões alagadas, igapós, igarapés e lagos fluviais. A fauna local apresenta, segundo alguns estudos, cerca de 30 espécies ameaçadas, além de 485 espécies diferentes de pássaros.

O parque não está aberto à visitação, principalmente pela difícil localização. Para quem tiver coragem de se aventurar, uma das atrações é o Rio Moa (foto), navegável quase o ano todo. Na época das vazantes, surgem trechos de corredeiras propícios para a prática de esportes de aventura. A própria floresta Amazônica é o maior atrativo e esconde animais, plantas e igarapés para um banho refrescante.

É o Turismo do Futuro. As pessoas estão cansadas de viajar para os mesmos cenários e os elementos fortes do atavismo as conduzem para os santuários ecológicos e parques nacionais. O Brasil pode ser, em curto prazo de tempo, a maior atração mundial neste segmento, é só investir em divulgação no exterior. O Estado do Acre apresenta atrativos para desenvolver o Ecoturismo, tendo em vista a existência de rios piscosos e as belezas naturais da Amazônia. O Serra do Divisor é o 4º maior parque nacional do Brasil.

Ali estão guardados vários tesouros naturais brasileiros. No interior do Parque, à margem direita do Rio Moa, habita a população indígena Nukini. Há também registros da existência de fósseis às margens do Rio Juruá.

O parque não possui infra-estrutura. A cidade mais próxima, Cruzeiro do Sul, está a dois dias de barco, possuindo hotéis e restaurantes. Partindo da capital Rio Branco até Cruzeiro do Sul, o acesso é aéreo. De Cruzeiro do Sul até a reserva deve-se pegar o Rio Moa, que tem um percurso que tem duração de seis horas . Nos períodos de seca, esse tempo pode chegar a quatro dias.

As principais atrações do Parque são, o Rio Moa, situado entre os afluentes do Rio Juruá, desenvolve um traçado de curvas cheias de meandros. Sua cabeceira fica a Oeste da Serra do Divisor, seguindo a direção SE/NE até seu sopé ocidental, quando recebe o Igarapé Ramon. Após a confluência com o Igarapé Pedernal, forma um cânion de excepcional beleza. No período das secas, surgem trechos com corredeiras e cachoeiras. Também destaco a Trilha do Mirante que começa no cânion, às margens do rio Moa, e sobe o Morro Queimado até uma pequena área descampada, com aproximadamente 472 metros de altitude, chamada de Mirante. A vista dali de cima é de tirar o fôlego. O Buraco da Central foi aberto pela Petrobrás durante os trabalhos de prospecção de petróleo na área da serra, em 1930. Medindo aproximadamente 1 metro de diâmetro, jorra água sulfurosa e de temperatura um pouco mais alta que a do rio Moa. No encontro das águas sulfurosas com o rio, uma nuvem de vapor sobe pelo ar. O Cânion do Rio Moa está localizado no pé da Serra da Jaquirana. É, na verdade, um vale encaixado por onde passa o rio, formando paredões de inclinação de 45º a 90º, cobertos de vegetação.

Aos amantes da natureza inexplorada ou apenas para aqueles que querem carimbar no currículo de viajante uma exótica expedição em território nacional, uma dica: Vá antes que descubram este paraíso.

Wednesday, April 04, 2007

ALBÂNIA: A PRINCESA DOS BÁLCÃS FINALMENTE REVELA A SUA BELEZA ESCONDIDA POR BAIXO DOS SEUS MUITOS VÉUS DE ISOLAMENTO


"Mas, para a Albânia? Não é perigoso?" Ouve-se essas perguntas inúmeras vezes. Com 3,5 milhões de habitantes e uma área equivalente à de Alagoas, a Albânia é um enclave do Terceiro Mundo dentro da Europa, cuja maior aspiração é entrar no século 21 com a ajuda dos vizinhos mais ricos. O mundo ainda não sabe, mas o país tem praias tão bonitas quanto as da Grécia, sítios arqueológicos impressionantemente valiosos e um povo simpático. É um país muito belo, pequeno, mas completo, com montanhas, mar, colinas, uma paisagem e uma cultura muito ricas. A um pulo da Itália, existe esse tesouro escondido, com um patrimônio histórico de dar inveja, um povo extremamente afável e praias paradisíacas.

Da Albânia o que normalmente se ouve falar hoje em dia é da pobreza, do crime e corrupção, da emigração massiva para Itália (lembram-se das fotos da Benetton no princípio dos anos 90?) ou da Madre Teresa de Calcutá, que dá o nome ao aeroporto internacional. E de ser um dos únicos países da Europa onde a religião muçulmana é dominante, apesar de pouco praticada.

O que marca, e que está em todo o lado, é o passado comunista. Por todo o lado se vêem bunkers – há 800 000 em todo o país – visíveis como pequenos cogumelos, nas cidades, perto das casas, nos prados. Através das estradas, vê-se bunkers transformados em galinheiro, ponto de ônibus, curral de vacas, horta e com gente morando dentro. As lembranças desse período totalitário, marcado pelo alinhamento do país ao comunismo chinês - e seu isolamento de todo o resto do mundo -, ainda não foram apagadas pelos últimos 14 anos de regime democrático. Uma garrafa de Coca-Cola, por exemplo, era uma espécie de droga pesada, um objeto perigoso que poderia conduzir seu portador direto à prisão. Todo mundo morria de vontade de experimentar, mas ninguém ousava entrar com uma no país, era muito arriscado.

Pelo menos um em cada três albaneses perdeu tudo o que tinha na falência de sistemas de poupança privados que prometiam juros de 35% a 100% ao mês. É a famosa "corrente", que foi moda no Brasil nos anos 80. Centenas de albaneses falidos faziam filas no banco de sangue da capital Tirana para ganhar o equivalente a US$ 22 por 400 mililitros e ter o que comer.
Com todo um sistema de defesa militar, milhares de bunkers, espiões por todo lado, quem derrubou o regime comunista Albanês? Dizem que foi a televisão italiana, captada pelas parabólicas clandestinamente, com suas plumas e paetês, publicidade de carros esporte, Martini e 50 tipos de macarrão.

O governo atual luta para reverter a imagem de país fechado e atrasado, que prevalece no exterior, e atrair investimentos para a economia local, ainda dependente de importações e do dinheiro enviado por Albaneses exilados. No que depender do astral da população, esse obstáculo será resolvido sem maiores dificuldades. A hospitalidade dos albaneses é uma das boas surpresas que esperam pelos visitantes. O idioma local é indecifrável e ninguém fala inglês. Felizmente, muitos entendem Italiano, por causa das transmissões da RAI. Escutando com atenção o albanês, pode-se pescar aqui ou ali alguma palavra derivada do latim. Mas a maior parte do vocabulário é ininteligível - Albânia, por exemplo, é grafada Shqiperise. O idioma local vem de um tronco independente, cuja origem ainda não foi totalmente elucidada pelos especialistas. A maioria acredita que suas raízes estejam nos Ilírios, que chegaram à região em 1000 a.C.

Um filho ilustre do país é o escritor Ismail Kadaré, autor do livro Abril Despedaçado, que virou filme do brasileiro Walter Salles Jr., em 2001. Ao contrário do ditador Hoxha, cuja memória ainda desperta muita polêmica, Kadaré é uma unanimidade no país. Embora tenha estudado na mesma escola do ex-ditador, o escritor sempre foi um crítico feroz da ditadura comunista. É adorado pelos albaneses, mas vive em Paris desde 1992.

Então e o turismo? A Albânia é novo "eldorado" para todos os que recentemente e em grande número esgotaram o capital aventureiro e a autenticidade das costas da Croácia ou de Montenegro. O destino tem inevitavelmente com o que seduzir, com a condição de não se ceder aos encantos da expatriação devido à diferença do nível de vida, ou de recusar os clichês de exotismo dos países sub-desenvolvidos. Ainda hoje, receia-se que durante a travessia da fronteira Albanesa se pudesse ser atendido por um agente da truculenta Sigurimi, a antiga KGB albanesa. Na verdade os simpáticos e bonachões agentes alfandegários sempre abrem um largo sorriso ao saber que você é Brasileiro, país que eles admiram. Longa vida à beleza dos Bálcãs!

Monday, April 02, 2007

ILHA DE MARAJÓ: A MAIOR ILHA FLUVIAL-OCEÂNICA DO MUNDO REVELA AS SUAS NUANCES HISTÓRICAS EM UMA ESTRUTURA TURÍSTICA EM PROCESSO DE FORMAÇÃO


Esta Ilha do Pará, maior que os estados do Rio de Janeiro, Alagoas e Sergipe, é uma mistura de ilha fluvial e oceânica, pois é banhada pelo Oceano Atlântico e o Rio Amazonas. A Ilha de Marajó guarda muitas belezas e curiosidades. Sua população de búfalos é maior que o número de habitantes e a carne do animal é um dos pratos típicos locais. Marajó, na foz do Rio Amazonas, é o maior arquipélago fluvial do mundo, com aproximadamente 50.000 km2. Ele é formado por três ilhas: Mexiana, Ilha Grande de Gurupá, Caviana, um dos pontos mais atingidos pela violência da pororoca, e Marajó. A intensidade das chuvas, que acontecem de fevereiro a maio, é tamanha que dois terços de Marajó ficam completamente alagados. Por causa dessa característica, a ilha tem hoje o maior rebanho de búfalos do país, pois esse animal se adapta bem a terrenos alagadiços.

Marajó pode ter sido o primeiro ponto do território brasileiro visitado pelos Europeus da era dos Descobrimentos em 1498, dois anos antes da expedição portuguesa de 1500 chegar a Cabrália. Mas o visitante atemporal, o cartógrafo e navegador lusitano Duarte Pacheco Pereira não deu muita importância a ilha, e se fez de desentendido. Ele achava que pisava em território espanhol, de acordo com os limites estabelecidos pelo Tratado de Tordesilhas.

A Ilha destaca-se pelos montes artificiais nomeados "tesos" construídos ainda em seu passado pré-colombiano pelos índios locais. De acordo com relato de Sir Walter Raleigh, no século XVI a ilha era também chamada de Marinatambal por habitantes nativos. Há também caminhos abertos pelos povos extintos, que também deixaram seus traços nas cerâmicas com desenhos que inspiram artistas até os dias de hoje. Há cerca de três mil anos, uma tribo de cultura avançada - os índios conhecidos como marajoaras - começou a povoar a ilha e deixou lá esse legado artístico e cultural. O Caboclo marajoara é o tipo étnico predominante, e o vaqueiro, um de seus variantes, é o profissional mais destacado. Resultantes da miscigenação branco-índio e em menores proporções, branco-negra, o caboclo realizou e aprendeu tudo do índio e do português, assimilou valores do negro, soube mesclar com inteligência cultura e habilidades para dar o toque especial na vida marajoara.

Servindo como locação do programa "No Limite 3" (Globo), em 2001, a fazenda São Jerônimo colhe os frutos da exposição em rede nacional. Ainda estão lá as estruturas montadas pelos cenógrafos. Mesmo quem não acompanhou o programa pode embarcar nas atividades e nos passeios, como um que leva até a praia do Limite, nome que ganhou após a exibição do "reality show". Há outros passeios, como o ciclo do açaí -em que o grupo apanha o açaí no pé e o leva para máquinas onde ele será batido para tirar o "vinho"-; o ciclo do caranguejo --em que os turistas caçam e cozinham o caranguejo--; e o ciclo do coco --em que o grupo apanha o coco e conhece a fábrica de beneficiamento da fibra, que vira estofado de carro.

A viagem de barco de Belém a Soure, maior cidade da ilha do Marajó, tem muitas escalas, você sai de Belém de balsa até a cidade de Camará, vai de ônibus até Salvaterra e atravessa o Rio Paracauari de balsa novamente, mas toda a viagem vale a pena. Projetada por Aarão Reis, engenheiro e arquiteto paraense que bolou Belo Horizonte, a cidade de Soure tem ruas largas e numeradas e frondosas mangueiras. Dizem que, se vista de cima, Soure parece um tabuleiro de xadrez.

A atmosfera mágica desse local, que foi habitado por índios desde cerca de 3.000 anos atrás, explicita-se não só por meio de lendas, de ritmos e de urnas funerárias de cerâmica, mas também nos fenômenos geográficos. E, para entrar de vez no ritmo das águas, o viajante pode arriscar os passos do carimbó, do lundu, do siriá, da dança do maçarico ou da dança do vaqueiro, alguns dos vários sons contagiantes deste arquipélago ermo cheio de nuances e encanto inigualáveis, Marajó.